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Foto: Karlos Abal

Brasileg@s

Na Galiza há um grupo bem nutrido de músicos brasileiros e galegos que estamos fazendo realidade uma ponte cultural atlântica sólida e firme que contribui para fortalecer ainda mais os laços que já existem entre os dois países. Sob o tronco comum do galego-português, Sérgio Tannus, músico brasileiro de Niterói, e eu, Uxía, música galega, traçamos um mapa da lusofonia ou galeguia* e a nossa aposta é o contato, o intercâmbio, a fusão de ritmos e ideias, a pesquisa de raízes comuns, a reflexão sobre a nossa identidade e sobre o futuro da mesma.
Descobrimos uma irmã pequena do Brasil através da cidade de Compostela, “a casa da gente”, uma cidade aberta e multicultural onde se misturam as mais variadas línguas, culturas com seu jeito de falar, sentir, amar, viver. Por isso e por puro amor a essa terra que nos acolheu como se fosse a nossa, decidimos fazer esse projeto brasilego que no próprio nome leva implícito o objetivo: a fusão entre as duas almas, a galega e a brasileira, numa comunhão que nunca antes existira e que é possível pelo conhecimento e carinho mútuos, buscando selar esse pacto de cumplicidade e percorrer juntos a “Travessia da Saudade” para reconhecermo-nos nessa sonoridade atlântica que provém desse mar fecundo e poderoso. 
Concretizamos nosso projeto em discos como “Meu canto” (2011), de Uxía, e “Son Brasilego” (2012), de Sérgio Tannus, nos quais buscamos combinar sons, ritmos, músicas e instrumentos galegos e brasileiros, alcançando resultados que nos animam a continuar apostando pela aproximação das duas culturas. No mês passado (outubro de 2018) celebramos a 14ª edição do Festival da Lusofonia Cantos na Maré, em Pontevedra, com cantoras e compositores como Selma Uamusse, Teresa Salgueiro, Grupo Coladera e Chico César. Como carinhosamente o rebatizou Chico César, chamando-o Festival da “Ilusofonia”, o evento propõe-se como um espaço em construção perene, alimentado por esperança e ilusão.
Por isso, penso que é importante estender mais pontes com o Brasil. É simbólico no sentido de que se afiançam as trocas culturais, já que no Brasil existe muitíssima curiosidade pela Galiza. Além disso, penso também que é importante fazer mais pontes com o Brasil porque o futuro da nossa língua está na juventude e no Brasil, havendo muitas semelhanças entre a cultura brasileira e a galega, sobretudo no nordeste brasileiro, onde ainda se conserva uma boa parte de expressões do patrimônio imaterial galego-português.


* Termo cunhado por Luiz Ruffato em 2005 

Uxia é considerada uma das grandes cantoras da música galega e uma das maiores divulgadoras da sua poesia. Nos seus mais de 30 anos de carreira artística, renovou a música tradicional galega conectada às culturas atlânticas, com um estilo tradicional de música clássica e uma combinação com morna, fado e ritmos brasileiros. Desde a sua estreia com "Foliada de marzo" em 1986, o seu trabalho representa um ponto de encontro de diferentes culturas, e cria o seu repertório através de suas contínuas viagens e intercambios com músicos do Brasil, Portugal, Cabo Verde ou Guiné-Bissau, como João Afonso, Dulce Pontes, António Zambujo, Rui Veloso ou Tito Paris.

Publicou 12 discos, pelos quais recebeu importantes prêmios, como o Prêmio da Crítica da Galiza 2016 ou o Premio a Melhor álbum de música de raíz nos Prêmios da música independente de Espanha por "Meu canto", eleito também como Top of the World pela revista britânica Songlines. Entre outros projetos, é diretora artística e organizadora do Festival Internacional da Lusofonia, Cantos na maré. Mais informações

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